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sábado, 26 de julho de 2014

Fiu fiu é o caramba


Eu não sou feminista. Não sou machista. Apenas acredito na igualdade utópica que ambos os sexos deveriam ter, seja nos direitos ou deveres a serem exercidos. Sempre andei em grupo com no mínimo mais 3 meninos mais velhos desde criança; por algum motivo que eu ainda não descobri, não consigo manter amizades presenciais com o sexo feminino por muito tempo (mas minha melhor amiga mora em Aracaju e nos conhecemos há quase 3 anos, apesar de nunca termos nos visto). E um dia desses lá estava eu com três colegas de publicidade, um de biologia, e outra de administração em uma rodinha descontraída batendo papo nos arredores da faculdade. Aleatoriamente surgiu o papo de conquistar mulheres e os caras e eu somos realmente bem zoeiros. Começaram a dizer que quando uma mulher pede para parar com alguma atitude que as incomode, sair de perto, e coisas do tipo, o que ela quer é na verdade que você continue, e que ela tá é fazendo charminho, tipo uma psicologia reversa. Sim, eu ri. As vezes é isso mesmo que ocorre, mulheres tem esse hábito em determinadas situações da vida e gostam de ser conquistadas. Mais tarde em casa, isso me fez refletir um pouco. Mas e quando não funciona assim? E quando se ultrapassa os limites do respeito, e a moça que aparentava não estar afim do papo realmente não estava?

Um dia desses eu desci do ônibus, e fui andando para assistir uma palestra. Eu estava de calça legging e uma blusa jeans, uma roupa simples. Tinham uns 3 caras mexendo em um carro e conversando. Quando passei, começaram a me gritar "EI, BOA TARDE. BOA TARDE. FALA COM A GENTE". E isso me enojou bastante. Eu tenho certeza que se tivesse saído de burca, tapando cada pedaço do meu corpo o tal assédio não aconteceria. Não precisa existir um toque indesejado para ser assédio, basta que alguém desrespeite seu espaço e seja impertinente. E eu continuei andando fingindo que não era comigo. Com certeza outras pessoas ouviram, viram, e isso causou a mim um certo constrangimento. Eu não sei o que se passa na cabeça desses homens que pensam que vão conquistar uma mulher com elogios do tipo: gostosa, delícia, ô lá em casa, ou o que quer que seja. Entramos naquele âmbito do #eunãomereçoserestuprada, movimentos feministas, Sara Winter e etc. Nada disso seria necessário se as pessoas respeitassem o espaço alheio e entendessem que o sua liberdade termina quando a do outro começa. Não é pedir para que não se olhe para ninguém do sexo oposto ao andar no calçadão da cidade, é prestar atenção na forma que se olha e se perguntar: se eu fosse aquele fulano que estou admirando, me sentiria constrangido ao ser observado assim? É pensar que poderia ser sua ou seu irmã(o), ou alguém que é querido para você sendo olhado como um objeto por um desconhecido; como se o tal fosse capaz de se ter uma visão raio x, olhando maliciosamente dos pés a cabeça.

Esse vídeo é uma maneira resumida do que eu penso sobre o assunto. É bem curtinho e nos incentiva enxergar duas vezes situações "do dia-a-dia" absurdas que ocorrem a nossa volta, e infelizmente muitas vezes estamos cegos ao que nos é apresentado. Aproveite e dê uma passada no Think Olga, saiba sobre a campanha, que tem absolutamente tudo a ver com o assunto abordado nesse post e compartilhe aqui embaixo experiências vividas ou sua opinião.